11 janeiro 2006

Observando um Gago - Parte IV

OBSERVANDO UM GAGO
(PARTE IV DE IV - Hélio Beraldo*)

...continuando

Quando o gago começa a tratar-se com alguém que não possui a noção do que isso significa, ele vai ficar mais pobre, porque o dinheiro que consegue ganhar, será gasto com alguém que vai apenas frustrá-lo.

Quando ele começa um tratamento, cria expectativas de como vai melhorar, de como vai sarar. Cria a ilusão de como passará a agir assim que puder se comunicar naturalmente (falar assim como os outros falam). E, através dessa ilusão, vem a desilusão. Essas frustrações e desilusões repetidas acabam criando a convicção de que não há cura, de que para ele não há lugar nessa terra. Ele jamais vai falar como os outros. Ele não é igual aos outros, pois parece que ele tem um karma, alguma coisa que se apossa dele a fim de humilhá-lo. Ele ficou mais pobre tanto financeiramente quanto nos seus sonhos.

Precisamos levar esse paciente a compreender o que é a gagueira e passarmos a tratar de cada sentimento, de cada emoção; precisamos reestruturar a sua personalidade e, ainda, tratar de sua gagueira através de técnicas de obtenção de fluência (capazes de formar novos condicionamentos operantes), ou seja, esse ser humano precisa ser tratado como um todo, através de terapia corporal a fim de que ele perceba o quanto tenciona seus músculos, para aprender a relaxá-los. Em casos mais sérios podemos usar a farmacologia com um método auxiliar através do uso de ansiolíticos ou anti-depressivos.

Precisamos levá-lo a buscar o auto-conhecimento a fim de que ele possa melhorar a sua auto-estima e a sua auto-confiança. Enfim, trabalharmos as questões de timidez, de insegurança, dos medos, da vergonha etc.

Podemos usar técnicas de visualização, de imaginação, auxiliando-o a perceber o mundo de forma mais natural e a seu favor, para que ele perceba e entenda de forma diferente, tendo uma nova postura diante da fala e da vida.


FINAL
*Hélio Beraldo é Psicólogo e também é gago.

2 comentários:

Anônimo disse...

Sou gago e sofro muito com isso.

Angelina disse...

Só hoje tive a imensa oportunidade de ver essa matéria.tenho 23 anos,e tambem gagueijo um pouco. Quando quando era criança o problema era bem pior,ate que fiz um tratamento por 2 anos com uma fonoaudióloga mas por poblemas finaceiros,infelismente tive que parar meu tratamento.É incrivel a descrição do autor da materia!me via em todas as descricoes:desde criança ate aqui.o medo de encarar o mundo la fora,as pessoas incopreensivas,gozadoras e impacientes.A sensação impotencia,inutilidade,incapacidade.Para que sofre com esse problema to,se resume em uma pessoa que se agarra dentro de si mesmo.como se fosse um bichinho indefeso diante de uma fera.sensação é que voce vai desabar diante da platéia,sinceramente...na maioria das vezes é preciso muita força de vontade e fé em Deus para seguir em frente.