15 agosto 2006

Falar ou não falar? Eis a questão

"O Sujeito que apresenta gagueira relaiona-se com uma sociedade que, por conceitos culturalmente adquiridos, rejeita essa produção linguística e o marginaliza, estigmatizando-o ou negando a sua linguagem. Sheehan (1975) se refere a um conflito de aproximação e evitação, que se materializa no desejo de falar e não falar, complementado por Friedman (1986) como falar e falhar, ou não falar, referindo-se à dúvida pela qual passa o indivíduo, sempre que há a possibilidade de utilizar a linguagem. Dessa forma, há, por parte do sujeito gago, um evidente conflito em todas as situações de discurso: falar (e preocupar-se com a forma do discurso, expondo-se à falha) ou não falar (e assumir a posterior frustração pelo insucesso)". Azevedo (2000)

Fonte: AZEVEDO, Nadia Pereira Gonçalves. Gagueira: a estrutura da língua desestruturando o discurso. Revista SymposiuM, Ano 4 - Número especial, novembro, 2000.

Baixe o arquivo e leia-o na íntegra: Revista SymposiuM

O artigo em questão é muito interessante. A autora é uma das fonoaudiólogas de maior expressão quando o assunto é gagueira. A sua reflexão poderá trilhar algum caminho para aquele que busca explicações e orientações em relação à gagueira. O conflito que a passagem acima menciona é bastante comum no indivíduo que gagueja. Não se sabe qual é o mais frustrante. Falar ou calar-se. A briga interna que o sujeito vive, muito possivelmente teve origem na infância, nos primeiros sinais de desarmonia verbal. Em tais momentos os adultos começaram a introjetar na criança pensamentos paradoxais em relação à fala. Fale direito! Respire e fale lentamente! Foram algumas orientações que recebemos em nossas infâncias. Crescemos com este paradoxo. As orientações tinha a mais pura intenção de nos ajudar. Porém, quanto mais éramos repreendidos, menos conseguíamos "falar direito". Nossa imagem de sujeito mal falante nos acompanhou, confundindo-nos, fazendo com que antecipemos momentos de discurso. A antecipação é quase sempre negativa. Não vou conseguir! Vou gaguejar! Palavra "tal" eu não consigo articular! O resultado também é quase sempre negativo. É preciso romper este processo. O cérebro está acostumado a pensar desta forma. Ele tem que conhecer um novo pensar, um novo olhar sobre a situação. Pensamentos positivos! No Grupo de Auto-Ajuda que mantenho aqui em Natal, no mais recente encontro eu levei um texto que fala sobre a "Técnica da Visualização". Quem desejar já pode ir pesquisando na internet. Mas na próxima postagem falarei sobre ela.

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