12 setembro 2005

Crer para ver!

É bastante comum, vivenciarmos a situação a seguir ou ouvirmos e/ou lermos relatos de gagos que viajam para um lugar desconhecido e experimentam nesse lugar situações de plena fluência. A esse respeito Silvia Friedman, em A Construção do Personagem Bom Falante, fala algo que considero muito importante:

"A ausência de gagueira num lugar novo e entre pessoas desconhecidas permite-nos ressaltar também a importância da história de vida das situações habituais para a ativação da forma habitaul de produção de si. Permite-nos lembrar ainda que Van Riper (1971) já sugeria a seus pacientes modificações aparentemente inócuas e periféricas à gagueira, como ir a lugares novos, usar roupas diferentes, etc., para que eles se vissem de uma maneira diferente; achava que assim ajudava-os a reconfigurar a imagem de falante ou, usando a linguam dele, a reconfigura a motricidade."

Experimentarmos situações desse tipo, nos comprovam que temos potencial e plenas condições para superar a gagueira. Parece que quando estamos no lugar desconhecido estamos vivendo um sonho e ao voltarmos para a nossa cidade, voltamos para a realidade. Isso é bem verdade porque em nosso local moram também todos os nossos pensamentos e emoções. Mas se somos gagos, não era para sermos da mesma forma em todos os cantos?! Vale outra reflexão: o que pensamos e como nos vimos no outro local, foi o mesmo que fazemos no lugar habitual?

O fato é que nos identificamos como gagos e muitas vezes não conseguimos modificar essa nossa identidade. Imaginamos a identidade como algo estático, permanente e eterno. É bem verdade que a não transformação é possível, afima Silvia. "O sujeito como ator de si mesmo, está impedido de se transformar e é forçado a reproduzir a mesmice de si. Este é o caso da gagueira sofrimento, para a qual descrevemos o ciclo vicioso entre o movimento dos conteúdos da consciência, a atividade de fala do indivíduo e a dinâmica social, caracterizando o modo de produção do personagem gago", acrescenta a autora.

Porém, Silvia Friedman, no livro acima, acredita que o gago pode ser curado a partir de uma série de mudanças comportamentais e de consciência. Eu também estou acreditando em tal teoria. Creio que só mudaremos a nossa condição, depois de modificarmos o modo como vemos os outros, o mundo, a nossa fala e a nós mesmos. Para isso, é necessário muita dedicação e acreditar. Ao contrário do ditado de São Tomé que precisa ver para crer, nós devemos crer primeiro para que depois possamos ver a transformação.

2 comentários:

Anônimo disse...

Não sei a razão dos comentários anteriores terem sido deletados.

Eu concordo plenamente com a proposição Contrária a São Tomé, primeiro é preciso Crer para depois Ver o resultado.

Referências :

"O Sucesso não ocorre por acaso"
Lair Ribeiro, 1993 Editora Sintonia, Pg. 42

"Ajude- se", 2000 Editora Elevação, Pg. 121., mesmo autor.

Não esquecendo que o referido autor foi aluno de Richard Bandler, o criador da Ciência Neurolinguistica.

Acho que vale a pena pesquisar mais sobre o tema.

Olavo.

Anônimo disse...

Os comentários excluídos eram algo tipo SPAM.