Como o Dia Internacional de Atenção à Gagueira (DIAG) está aproximando-se, aproveito para publicar um texto escrito, em virtude deste dia, pela Fga. Priscilla Silveira, direcionado para as pessoas que sofrem com a gagueira. A mensagem vai ao encontro do tema da campanha pelo DIAG.
“Gagueira não tem graça. Tem tratamento.”
Meu desejo aqui não é teorizar sobre a gagueira, mas falar sobre a mesma a partir da perspectiva de alguém que lida com sujeitos gagos há alguns anos.
Assim, não falarei de uma patologia, mas de alguém que por ela se angustia, sofre, teme, foge de algo que todos julgam tão simples: falar. Não posso deixar de considerar, então, por outro lado, as pessoas que riem, contam piadas, mangam maldosamente deste assunto...
Pergunto-me: como podem achar graça? Saberiam eles o que é falar e não ser aceito? O que é querer ser falante como qualquer outro, mas não conseguir? Ou ficar com vontade de falar algo, mas preferir se silenciar a se expor? Creio que não.
Lembro-me agora de um paciente quando abordado sobre o que achava quando as pessoas completavam a fala dele e, surpreso, respondeu inocentemente: “não sei como as pessoas conseguem adivinhar o que vou falar! É sério! A palavra prende e elas já sabem o que vou falar!” Pergunto-me, mais uma vez: saberiam as pessoas o que é tentar falar e ser falado pelo outro?
Saiba que por trás de alguém que gagueja há alguém que tem a capacidade de falar, há alguém que busca incessantemente esta capacidade, porque quer ser igual a você, aceito por você. Mas a gagueira tem tratamento! O sujeito gago pode encontrar seu caminho. Concorda que será melhor se não colocarmos pedras que dificultem sua chegada?
Pois é, a gagueira é algo sério e você ainda não deve ter visto por esse lado. Quem sabe você também tenha um problema e não gostaria que agissem negativamente em relação a ele.
Chega de rir do que não tem graça! Eu não precisei ser gaga para achar isso...
Priscilla Silveira
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