02 setembro 2006

Mensagem ao Gago - Parte III de III

(Continuação)

Muitas terapias antigas fracassaram e se desmancharam no círculo vicioso, porque trataram de prevenir ou evitar a gagueira. Você pode ser mais feliz reduzindo a pena, o ódio e a culpa ao gaguejar, que são as causas mais imediatas do temor.

Sua gagueira não quer dizer que você é menos adaptado que a pessoa que está ao seu lado, também não quer dizer que você seja biologicamente inferior ou mais neurótico que ela. Usando modernos métodos de investigação no campo da personalidade e avaliando sistemática e objetivamente pessoas, demonstrou-se que não existe um padrão de personalidade típico dos gagos e não se encontraram diferenças consideráveis entre os gagos e os que não o são. Talvez esse conhecimento o ajude a se aceitar cais como gago e a estar mais aberto para a gagueira.

As pessoas dispostas a começar na direção correta podem progredir muito por si mesmas. Qualquer coisa que você faça deve ser feita para proveito próprio, utilizando para isso essas idéias e princípios. O tratamento clínico, na maioria dos casos, permitirá fazer um progresso mais sistemático. Isto é particularmente acertado para casos em que, além da gagueira, existam problemas emocionais e de personalidade.

Tratei de assinalar algumas idéias básicas que são válidas e mais manipuláveis que a maioria das coisas que se têm dito, em outras oportunidades, à maioria dos gagos.

Você deve trabalhar da seguinte maneira: da próxima vez que for a um empório ou responder ao telefone, lembre que pode seguir em frente e falar encarando seu temor. Veja se pode aceitar sua gagueira e seu ouvinte pode fazer o mesmo. Em todas as outras situações, veja se pode começar a aceitar abertamente seu papel como sendo alguém que por um tempo gaguejou tendo temor e bloqueios ao falar. Mas mostre a todos que você não tem a intenção de deixa que a gagueira o mantenha apartado da vida. Expresse-se de todas as maneiras possíveis e práticas. Não deixe que a gagueira afete a relação entre você e as outras pessoas; veja se consegue chegar a um ponto em que sejam mínimas as situações evitadas e que possa enfrentar com êxito a maioria delas. Quando gagueja, você será você mesmo. Não perca tempo e não se frustre tratando de falar com perfeita fluência. Se você chegou à vida adulta como gago, as oportunidades são num sentido: você será sempre gago. Porém, não tem que ser como tem sido até agora. Você pode gaguejar facilmente e quase sem obstáculos.

A idade não é um fator importante, mas a maturidade emocional é. Uma de nossas recuperações de maior êxito foi a de um diretor de orquestra aposentado, de 78 anos de idade, que decidiu que antes de morrer deveria superar seu problema e conseguiu.

Em resumo, veja quanto mais de seu bloco de gelo pode vir para a superfície. Quando chegar ao ponto em que não esconda nada de si mesmo, nem para seu ouvinte, terá deixado boa parte de seu problema de lado. Você pode gaguejar à sua maneira, sem tensão, se for suficientemente valente e assumir uma posição aberta ante seu problema.

Joseph Sheehan

(FIM)

Este é Joseph Sheehan. Para saber mais sobre ele, separei para vocês alguns saites em espanhol, que é uma língua muito parecida com a nossa. Você pode visitar o "ttmib" e ler a "Mensaje al tartamudo". Pode também ler "la definición de Joseph Sheehan" para a gagueira. E ver o "iceberg da gagueira" que é mencionado no texto acima.

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