30 outubro 2006

DIAG em São Paulo - Minhas Considerações

Apesar do "Dia Internacional de Atenção à Gagueira" ser 22 de Outubro, em São Paulo o evento ocorreu no sábado, dia 21. Teve início às 9h e terminou lá para às 15h, como tava previsto. Chegamos (eu e minha namorada) ao local do evento às 10h, pois não conhecemos a cidade e saímos da casa dos nossos amigos um pouco tarde. Podemos presenciar do segundo depoimento em diante, que foi da jovem Bianca Lisboa. Desde já, adianto que não consegui gravar as palestras. A dinâmica do evento e o fato de eu ter chegado atrasado, tudo isso não me deu condições para combinar com os depoentes para gravar seus discursos.

O melhor deste tipo de evento é a troca de experiências; é conhecer pessoas que viveram coisas muito parecidas com as suas; é poder transmitir mensagens incentivadoras de que a gagueira não é o bicho de sete cabeças que costumamos pintar e que existe tratamento eficaz para o indivíduo.

No quesito pessoas, a galera de São Paulo é muito legal!!! Eu já tinha alguns amigos por lá, do Grupo de Apoio da ABRA GAGUEIRA, do qual participei uma vez ano passado, e desta vez pude ampliar o leque de amizades. Neste evento pude conhecer a atual presidenta da ABRA, Daniela Verônica, as fonoaudiólogas Eliana Nigro, Ignês, Polyana, Ísis Meira e Fernanda Papaterra. Conheci também o colega Tiago Pereira, que palestrou sobre genética, e Elaine Gonçalves, que prestou seu depoimento, o qual me causou bastante impacto. Foi através dele que soube do desejo dela de não querer ter filhos com receio de transmitir a gagueira para ele, já que eu sua família há diversas pessoas que gaguejam. Entendo a situação dela, mas é muito triste saber disso. Caso o possível filho dela apresentasse algum sinal de gagueira, ela poderia levâ-lo a um fonoaudiólogo capacitado para tratar gagueira, que muito possivelmente seria curado.

É por causa dessas realidades que eventos como este, que ocorre em todo o Brasil, são extremamente importantes. Aos poucos vai-se transmitindo conhecimentos e desensibilizando as pessoas em relação à gagueira. Muito possivelmente Elaine não vivenciou experiêcias deste tipo anteriormente. Desta forma, ela carregou sozinha, por muito tempo, o peso da gagueira, o estereótipo de "gaga", o preconceito da sociedade e talvez tenha se visto muitas vezes sozinha, apesar da família ter diversos casos de gagueira. Atualmente, as pessoas que procuram ajuda (ou se ajudar), tratamentos, etc., têm grandes possibilidades de reverter o quadro, antes que ele torne-se insuportável ou motivo de restrições sociais.

Neste evento, eu pude observar bem esta busca pelo conhecimento: um casal estava procurando informações para seu filho, de 14 anos aproximadamente, com gagueira. Isto foi particularmente interessante porque eu pude me imaginar com 14 anos e relacionar com meus pais tentando me ajudar procurando profissionais da fonoaudiologia para me tratar. Assim que eu sentei atrás desse casal e seu filho (o filho sentado no meio dos dois), eu senti o que eles estavam pretendendo. O pai mais questionador fazia perguntas em todas as palestras, a mãe era mais quieta e o filho muitas vezes parecia está mais interessado em, talvez, sair dali. Infelizmente, quando somos adolescentes perdemos
oportunidades únicas. Pude trocar uma idéia com o pai e tentei orientá-lo em razão da minha experiência vivida.

Ao final do evento, uma repórter do Conselho Regional de Fonoaudiologia 2ª Região - São Paulo (creio que foi deste conselho) procurou-me e me entrevistou. Não sei se minha entrevista vai ser publicada (espero que sim!), caso seja vocês terão notícias.

Como sugestão para a comissão organizadora, para qual inclusive eu já falei pessoalmente, é de deixar mais espaço para as palestras científicas sobre gagueira. Isto poderia ser organizado, caso o evento seja iniciado às 9h e terminado às 17h. Quando começávamos a gostar da palestra, a entendê-la, o tempo estava esgotado. Como por exemplo, a palestra sobre Gagueira e Psicanálise, de Roberta Ecleide. Foi muito rápida. Comprometendo o entendimento.

Espero que vocês tenham participado do DIAG em suas cidades e gostado como eu gostei do de São Paulo. Que tal vocês me contarem como foi? Deixem um comentário! Agradeço desde já!

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