A postagem de hoje não é de minha autoria. Estou apenas publicando aqui o texto "Nunca Desista", traduzido e colocado no Orkut, em diversas comunidades sobre gagueira, entre elas "Gagueira Não Tem Graça, Tem Tratamento", pelo amigo Rafael Veloso. Ele ressalva que quem desejar conferir o orginal na íntegra, basta acessar "Never Give Up", pois o inglês dele "não é 100% confiável." O texto é de autoria de Peter R. Ramig.
Eu não concordo com algumas coisas que são ditas no texto. Porém, a essência dele, em querer ajudar pessoas com gagueira, deve ser valorizada. Por isso está aqui. Talvez, se houver comentários que levem a um debate, ao completar o texto, eu faça algumas considerações.
Para facilitar mais a leitura de vocês, dividirei o texto em 03 partes.
Parte 01:
Nunca Desista!
Peter R. Ramig, Ph.D.
O processo da recuperação auto-iniciada.
Peter R. Ramig, Ph.D.
O processo da recuperação auto-iniciada.
O primeiro passo no processo de recuperação é encarar o fato de que é improvável que nossa gagueira vá desaparecer magicamente por ela própria. Nós devemos aceitar o fato de que serão necessários perseverança e determinação para mudar a maneira que nós temos gaguejado durante anos. Embora isto possa soar difícil ou impossível, o trabalho construtivo de mudar a gagueira geralmente requer menos esforço e frustração do que continuar a temê-la. Nós gastamos grande quantidade de energia em tentativas de tentar escondê-la, e/ou empurrar ou fazer força para falar. E isto aumenta o sentimento de desamparo no despertar de sua presença.
Como nós estamos convencidos de que a gagueira pode ser mudada com determinação e esforço auto-iniciado, eu quero resumidamente esboçar alguns fatores adicionais que podemos usar em nossos esforços para enfraquecer e até eliminar completamente a gagueira.
Entendendo o processo físico da fala.
Produzir a fala é um processo altamente complexo. Entretanto, prestar atenção em como nós usamos fisicamente nossa língua, lábios, e cordas vocais enquanto nós produzimos sons, pode nos ajudar a entender como regularmente criamos mais gagueira. Nós fazemos isso ao tencionar e forçar estas estruturas enquanto tentamos lidar com os momentos desagradáveis do gaguejar. Evidentemente estas estruturas de fala consistem em músculos que precisam ser tensionados em um nível normal para produzir fala fluente.
Porém, em contraste, pessoas que gaguejam regularmente tencionam estes músculos excessivamente, bloqueiam, e depois fazem força para empurrar e “quebrar” o bloqueio em suas urgências de livrarem-se do sentimento de aprisionamento. Este padrão desenvolve-se durante o tempo, como reação ao pouco entendimento da causa central da gagueira, à qual alguns de nós se referem como “gatilho da gagueira” [stuttering trigger]. Em essência, o gatilho da gagueira é a presente causa da gagueira. Ele pode ser associado à predisposição inata de ser disfluente, que é encontrada na pequena porcentagem da população que gagueja. Mas isso não significa que não possa ser controlado.
Uma vez que nós comecemos a prestar atenção em nossas estruturas de fala, poderemos entender melhor como interferimos em seu funcionamento regular durante o gaguejar. Enquanto nós melhor desenvolvermos e refinarmos estas habilidades de monitoramento, não apenas produziremos formas mais fáceis de gagueira, mas nos tornaremos mais fluentes e menos condicionados a “puxarmos o gatilho da gagueira”.
Continua...
4 comentários:
Wladimri....
Qual foi o ponto que você não concordou com o autor...
Magno.
Magno,
Ao final do texto eu tecerei minhas considerações.
Wladimir, parabéns pela iniciativa do blog. Sinto falta apenas de um maior embasamento científico das opiniões aqui colocadas.
A propósito, você já leu este texto sobre disfonia espasmódica?
http://www.gagueira.org.br/disfonia-adams.shtml
É impressionante notar a semelhança com a gagueira. Acho que a disfonia (um tipo de distonia focal) pode ser a chave para a compreensão de muita coisa sobre a neurofisiologia da gagueira.
De repente, o elo entre os dois distúrbios pode estar aqui:
http://www.gagueira.org.br/nucleosdabase.pdf
São textos muito reveladores, que ultrapassam o senso comum que normalmente se tem do distúrbio.
Infelizmente, a gagueira tem sido um distúrbio um tanto negligenciado pela ciência. Até a disfonia espasmódica (mais rara e pouco conhecida) tem um modelo explicativo mais convincente. Mas acho também que boa parte dessa indiferença se deve ao fato de que dificilmente cobramos um maior caráter científico das teorias formuladas sobre gagueira.
Determinadas teorias, aceitas ainda hoje, apóiam-se em fundamentos científicos bastante precários e estão em total descompasso com aquilo que vem sendo mostrado por testes genéticos, farmacológicos e exames neuroimagísticos.
Acho que não são só os cientistas que precisam se interessar pela gagueira. Nós também precisamos nos interessar por aquilo que eles podem nos dizer sobre ela.
Concordo com o Roberto. É muito triste ver que uma das teorias utilizadas até hoje para explicar a gagueira (e que infelizmente ainda conta com muitos adeptos no Brasil) data do começo do século passado!! Esta teoria já foi até desmentida em 1939, por um polêmico estudo chamado "Estudo do Monstro". Não vou aqui entrar em detalhes, para não me alongar muito.
Mas com relação ao texto do post acima, acho que a gagueira definitivamente não tem nada a ver com nervosismo, tensionamento muscular, sentimento de aprisionamento... Isso tudo vem depois. É corolário, decorrência.
A gagueira na verdade corresponde a uma falha no tempo de execução dos programas mentais relacionados ao controle da fala, mais especificamente em decorrência de uma relativa falta de ativação de áreas subcorticais (núcleos da base) relacionadas ao disparo e iniciação dos movimentos da fala. Tudo o mais é consequência, puro desdobramento secundário que desaparece quando se remove a causa primária.
O tratamento da gagueira precisa abandonar definitivamente essa visão amadora e especulativa que reina na área e que freqüentemente confunde causa e consequência.
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