O texto "Nunca Desista", de Peter Ramig, é bem interessante. Infelizmente não temos todo o livro, apenas o capítulo em questão. De tal maneira, por não conhecer o trabalho do autor em todas as suas delicadezas, não tenho condições para fazer críticas definitivas (construtivas ou não). O que farei são apenas algumas considerações em cima do pouco que foi lido. Espero que o leitor também participe das considerações. Caso queira que algo seja postado aqui, basta deixar um comentário com tal solicitação.
O mais importante do texto é que o método mostra-se eficiente. Pelo menos é isso que nos é transmitido ao final do texto: muitos clientes do autor livraram-se do obstáculo contencioso da gagueira. Isso deve dar muito ânimo para aqueles que leram o texto e ainda estão discrentes de tratamentos adequados.
O que eu discordo inteiramente é com a expressão "controle da gagueira". Para mim, a fala não pode ser controlada. Logo, a gagueira também não. A fala é um movimento espontâneo. Deve ser livre. Quer ver só uma coisa: pergunte para alguém próximo a você se ele/ela controla a fala. Ao contrário, as pessoas que gaguejam produzem toda sorte de movimentos, truques para "tentar falar bem". Porém, o espontâneo não deve ser tentado. O espontâneo é simplesmente produzido. A gagueira é uma quebra desta espontaneidade, justamente porque a fala não está solta.
O mais importante do texto é que o método mostra-se eficiente. Pelo menos é isso que nos é transmitido ao final do texto: muitos clientes do autor livraram-se do obstáculo contencioso da gagueira. Isso deve dar muito ânimo para aqueles que leram o texto e ainda estão discrentes de tratamentos adequados.
O que eu discordo inteiramente é com a expressão "controle da gagueira". Para mim, a fala não pode ser controlada. Logo, a gagueira também não. A fala é um movimento espontâneo. Deve ser livre. Quer ver só uma coisa: pergunte para alguém próximo a você se ele/ela controla a fala. Ao contrário, as pessoas que gaguejam produzem toda sorte de movimentos, truques para "tentar falar bem". Porém, o espontâneo não deve ser tentado. O espontâneo é simplesmente produzido. A gagueira é uma quebra desta espontaneidade, justamente porque a fala não está solta.
O autor caracteriza como a origem da gagueira, o que ele chamou de "gatilho da gagueira". O bloqueio e a sua quebra no momento da fala serviram de analogia com o gatilho de uma arma. Não acredito que essa seja a origem da gagueira. Há algo por detrás do simples gatilho. Sílvia Friedman caracteriza muito bem o que é. Friedman explica que existe uma identidade do indivíduo como ser que gagueja. Tal identidade é pressuposta e reposta freqüentemente no momento de falar (um ótimo assunto para falarmos em outra oportunidade), dando a impressão de ser definitiva, estática, única. Porém, "Identidade é movimento, é desenvolvimento do concreto...é metamorfose". (Ciampa, 1987 p.74 - A estória do Severino e a história da Severina).
Concordo em gênero, número e grau com o autor, quando ele fala na "conspiração do silêncio". Este movimento precisa ser determinantemente eliminado. O silêncio não faz bem a nenhum problema que a pessoa venha a tê-lo. A conversa, o conhecimento, a aceitação, são passos imprescindíveis para transcender qualquer dificuldade. O isolamento, esconder-se, calar-se requer muito mais esforço do que a postura pró-ativa. Enfrentar o problema exige muito menos trabalho do que ocultá-lo.
Nunca desista!
Concordo em gênero, número e grau com o autor, quando ele fala na "conspiração do silêncio". Este movimento precisa ser determinantemente eliminado. O silêncio não faz bem a nenhum problema que a pessoa venha a tê-lo. A conversa, o conhecimento, a aceitação, são passos imprescindíveis para transcender qualquer dificuldade. O isolamento, esconder-se, calar-se requer muito mais esforço do que a postura pró-ativa. Enfrentar o problema exige muito menos trabalho do que ocultá-lo.
Nunca desista!
8 comentários:
Wladimir, parabéns pela iniciativa do blog. Sinto falta apenas de um maior embasamento científico das opiniões aqui colocadas.
A propósito, você já leu este texto sobre disfonia espasmódica?
http://www.gagueira.org.br/disfonia-adams.shtml
É impressionante notar a semelhança com a gagueira. Acho que a disfonia (um tipo de distonia focal) pode ser a chave para a compreensão de muita coisa sobre a neurofisiologia da gagueira.
De repente, o elo entre os dois distúrbios pode estar aqui:
http://www.gagueira.org.br/nucleosdabase.pdf
São textos muito reveladores, que ultrapassam o senso comum que normalmente se tem do distúrbio.
Infelizmente, a gagueira tem sido um distúrbio um tanto negligenciado pela ciência. Até a disfonia espasmódica (mais rara e pouco conhecida) tem um modelo explicativo mais convincente. Mas acho também que boa parte dessa indiferença se deve ao fato de que dificilmente cobramos um maior caráter científico das teorias formuladas sobre gagueira.
Determinadas teorias, aceitas ainda hoje, apóiam-se em fundamentos científicos bastante precários e estão em total descompasso com aquilo que vem sendo mostrado por testes genéticos, farmacológicos e exames neuroimagísticos.
Acho que não são só os cientistas que precisam se interessar pela gagueira. Nós também precisamos nos interessar por aquilo que eles podem nos dizer sobre ela.
Concordo com o Roberto. É muito triste ver que uma das teorias utilizadas até hoje para explicar a gagueira (e que infelizmente ainda conta com muitos adeptos no Brasil) data do começo do século passado!! Esta teoria já foi até desmentida em 1939, por um polêmico estudo chamado "Estudo do Monstro". Não vou aqui entrar em detalhes, para não me alongar muito.
Mas com relação ao texto do post acima, acho que a gagueira definitivamente não tem nada a ver com nervosismo, tensionamento muscular, sentimento de aprisionamento... Isso tudo vem depois. É corolário, decorrência.
A gagueira na verdade corresponde a uma falha no tempo de execução dos programas mentais relacionados ao controle da fala, mais especificamente em decorrência de uma relativa falta de ativação de áreas subcorticais (núcleos da base) relacionadas ao disparo e iniciação dos movimentos da fala. Tudo o mais é consequência, puro desdobramento secundário que desaparece quando se remove a causa primária.
O tratamento da gagueira precisa abandonar definitivamente essa visão amadora e especulativa que reina na área e que freqüentemente confunde causa e consequência.
Não desista mesmo, Wladimir. Fui gago até os 32 anos. Fiz várias terapias e nada, a ânsia era um circulo vicioso, mas depois de 5 anos me "reprogramando" via visualizações a atitudes, um belo dia consegui apresentar um projeto no trabalho para 30 pessoas mais os diretores. A partir desse dia, nunca mais fui perturbado por esse problema.
Pablo
Caro Pablo, você poderia ensinar para os humildes mortais essa sua infalível técnica de "reprogramação via visualização"? Fiquei impressionado.
Amigos, fico agradecido pelos comentários. Meu dia-a-dia está bem corrido, por este motivo ainda não respondi a contento as suas mensagens. Dentre em breve, darei a devida atenção que vocês merecem. Abraços.
Wladimir,o seu blog está cada vez melhor.Parabens.
Passei no mestrado.
Mesmo sendo gago,não vou desistir.
Abraço
Adhemar
Amigos, vamos às respostas...
Não devemos ver a ciência somente como aquela que visuliza neuroimagens, analisa o fucionamento do cérebro, utiliza medicamentos no trato de patologias. Ciência é muito mais do que isso. A maior parte dos textos que coloco aqui é baseada na teoria de Sílvia Friedman, fonoaudióloga com mais de 33 anos de trabalhos clínicos que comprovam a eficácia de seu trabalho. Não é um trabalho amador e nem muito menos especulativo. Quem sabe com esta teoria, a fonoaudiologia não vem conseguindo, talvez sem saber (já que não é tão simples obter neuroimagens), "remapear" o cérebro das pessoas que gaguejam? Essa pergunta eu não sei a resposta. Só sei que o método pesquisado por Sílvia Friedman, fundamentado no campo da psicologia social e psicanalítico, é explicado e comprovado em seus livros, artigos, publicações, etc. Isso é ciência também!
Não acho que a gagueira esteja sendo negligenciada pela ciência. Talvez seja pela ciência organicista, esta que os amigos a defendem. Esta, só recentemente (10, 20 anos atrás) é que vem se dedicando à gagueira.
Gostaria de saber, de Suzana, um pouco mais sobre o "Estudo do Monstro". Não o conheço. Se preferir, abro o espaço no próprio blog para um texto seu sobre o assunto. Que tal?
Eu também concordo que gagueira não é consequência de nerovismo, ansiedade, medo...para mim é o inverso.
Pablo, que tal falar um pouco mais sobre a sua técnica de visualização? Há algum tempo eu coloquei aqui no blog um texto sobre isso. Acredito muito nisso!!! Abro espaço para um texto seu sobre o assunto, que causou interesse. Você viu!
Adhemar, parabéns pelo mestrado. Vá em frente. Somos do tamanho dos nossos sonhos!
Abraços a todos vocês.
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