"6 - A lógica paradoxal que determina a produção da gagueira e nos permite entender que ela é um problema de identidade dos sujeitos, permite-nos entender, também, que ela possa desaparecer, dando lugar à fluência, sempre que as situações contenham elementos em função dos quais essa lógica não seja ativada. Isso funciona a partir das características dos sistema de valores do sujeito em relação a si, aos outros e às situações que vivencia no mundo. A ausência do outro não ativa a lógica. Geralmente ela também não se ativa quando o sujeito representa personagens; quando dubla a fala; quando conversa com pessoas que considera hierarquicamente inferiores ou que considera mais ignorantes. Já a conversa com pessoas consideradas amigas, por exemplo, pode ativar a lógica para uns e não para outros, em função da pessoa empenhar-se em lutar para esconder a gagueira que prevê. O que está em jogo, nessas circunstâncias, é o valor que o sujeito atribui à imagem de si em reciprocidade ao valor que atribui aos outros e às situações. Nessa atribuição de valores pesam, a favor da fluência, o deslocamento da imagem de si para algum personagem (caso da dublagem, da representação de personagens) e a diminuição do sentimento de cobrança e responsabilidade pelo ato de fala (ausência do outro, conversa com pessoas amigas e com pessoas consideradas mais ignorantes), o que nos recoloca diante da visão da gagueira com problema de identidade."
Enfim, chegamos a sexto tópico. Neste, Friedman deixa bem claro que há cura para gagueira. É possível dar lugar à fluência! Como exemplos, são dados a dublagem, a representação de personagens, a conversa com pessoas "inferiores" entre outros exemplos. Nestes casos e em outros, o lugar à fluência varia de pessoa para pessoa, vai muito do que o sujeito pensa de si, dos outros e da situação (reciprocidade de valor). Cada sujeito tem suas crenças e regras individuais das situações e dos outros com os quais "podem" e "não podem" gaguejar. Recentemente, li no "Grupo Discutindo Gagueira" (endereço nos vínculos, ao lado direito), que um sujeito tem sua gagueira piorada sempre no mês de agosto! O que não é isto além de uma crença pessoal? Sempre que agosto chega, ele deve se encher de pensamentos negativos, a duvidar de si como falante, a antecipar situações comunicativas, passa a se cobrar mais para falar bem, está formada a identidade de "mau falante". Chegou setembro, creio, de acordo com suas palavras, que ele deva relaxar mais e "permitir" que a fluência esteja mais presente. Acredito que se olharmos para dentro de nós, perceberemos diversas situações que acreditamos que gaguejaremos e outras que falaremos bem. Gostaria que os comentários também tivessem este conteúdo. Claro que outros comentários são bem-vindos.
Toda esta lógica de pensamento pode ser quebrada. Sei que não é fácil. Se fosse, a gagueira não seria um assunto de fácil discussão e de difícil consenso. é preciso desfazer os atuais rituais de fala, porém eles estão automatizados pelo uso. Friedman, no Tratado da Fonoaudiologia (1997), afirma que "para que se possa chegar a desfazê-los é fundamental que o paciente tenha chegado a algum patamar de aceitação da gagueira, sendo capaz de compreendê-la não como um problema de fala, mas como produto de seu comportamento de prevê-la."
A terapia fonoaudiológica especializada pode (e tem que) ajudar. A literatura está repleta de casos bem sucedidos, de pessoas que se superaram e superaram a gagueira como um sofrimento, com este tipo de tratamento. Neste saite vocês também poderão ler diversos depoimentos que comprovam a eficiência desta teoria.
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