Durante anos a gagueira foi atribuída à timidez e a possíveis problemas psíquicos. Essa interpretação perdeu hoje grande parte de seu apelo: se é verdade que os gagos têm dificuldades de se relacionar com os outros, isso pode bem ser a conseqüencia e não a causa do problema.
Também nessa área, o desenvolvimento da neuroimagem forneceu a explicação anatômica para uma "doença da linguagem" bastante comum. Dois pesquisadores da Universidade de Toronto, Luc de Nill e Robert M. Kroll, demonstraram, graças à PET (Tomografia por Emissão de Pósitrons), que, quando se solicita a uma pessoa gaga e a uma não gaga que leiam silenciosamente um texto, as mesmas áreas do cérebro são ativadas, mas na que sofre de gagueira a atividade é muito mais intensa. Se a leitura é feita em voz alta, além das áreas mais especificamente linguística necessárias à leitura silenciosa, é ativado também o córtex motor primário: também nesse caso há um excesso de atividade nos gagos.
"A explicação é simples", afirma o neurocientista Eric Kandel, professor na Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque: "Quando uma pessoa gaga começa a pensar e proncunciar uma palavra, seu cérebro opera de modo incongruente e excessivamente veloz, a tal ponto que não é possível a boa coordenação entre pensamento e movimento". Para demonstrar essa tese, Kandel verificou os efeitos da reabilitação no cérebro das pessoas que sofriam de gagueira. Após o treinamento adequado de recuperação, a PET assinalou a diminuição da atividade das áreas motoras, o que facilitou a transformação do pensamento em palavra."
Fonte: Revista Viver Mente & Cérebro. Agosto, 2005.
A reportagem acima, na minha opinião, reforça um antigo mito em torno da gagueira: a pessoa gagueja porque pensa muito rápido. É este o senso comum da população leiga. O incrível é que está cientificamente (com)provado (???)! Duvido em muitos aspectos do estudo realizado na Universidade de Toronto. Talvez o indivíduo que gagueja processe mais informações, pois para ele ler não é somente ler. Ler envolve ser aceito pelos outros, por si, atingir um ideal de fala. É estranho acreditar que a partir de uma atividade mais intensa no cérebro, se possa afirmar que é "pressa" no pensamento. Creio que exista muita diferença entre uma coisa e outra. Se fosse assim, a cura da gagueira seria extremamente simples. Na minha infância, quantas vezes a minha mãe não pediu para eu me acalmar antes de falar? Ah, se eu tivesse antendido o pedido dela...
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